Serviço se tornou vertical relevante para o app, mesmo sem operar em São Paulo
Mesmo sem operar na cidade de São Paulo – por falta de autorização da prefeitura –, o transporte de passageiros por moto do Uber no Brasil já é uma das verticais mais importantes para a companhia globalmente. Pela competitividade de preço, o número de viagens diárias é crescente em mercados como o brasileiro.
“A América Latina, e em especial o Brasil, é uma das principais regiões para o Uber Moto”, diz a executiva Laura Lequain, diretora da vertical no país. Segundo ela, se fosse considerado um negócio à parte, o Uber Moto brasileiro estaria no top 10 global de viagens em todo o mundo, ultrapassando inclusive outras modalidades (como UberX e UberBlack) em determinados países.
As viagens por moto foram primeiro adotadas na Ásia pelo app. No Brasil, o Uber Moto é permitido em algumas cidades do país, como o Rio e cidades da região metropolitana paulista. O serviço teve início em Aracaju em 2020. Desde então, mais de 20 milhões de brasileiros fizeram ao menos uma viagem de moto, diz a companhia. “É uma região onde vimos uma adesão muito grande”, diz a diretora da modalidade no país.
A Uber avalia que a modalidade traz duas vantagens: o preço e o tempo de viagem. Em muitas capitais, a categoria é utilizada como primeira e última milha no transporte, levando passageiros até estações de metrô ou de trem, por exemplo. “São Paulo é muito importante para nós, justamente porque já vimos os benefícios desse serviço em outras cidades”, diz Lequain.
Em 14 de janeiro, a 99 também lançou serviço na modalidade na capital paulista, acompanhada pelo Uber dias depois. O prefeito Ricardo Nunes ordenou a suspensão da atividade na cidade, com base em decreto de 2023, assinado por ele mesmo, que proíbe a circulação de motos por aplicativo. Citando dados de mortalidade e segurança, o político do MDB chegou a caracterizar o serviço como uma “carnificina”.
As empresas defendem que a atividade é amparada pela lei federal 13.640, de 2018, e pela Política Nacional de Mobilidade Urbana, de 2012, e afirmam que cabe às prefeituras apenas a regulamentação.
Segundo Lequain, a companhia está aberta ao diálogo e disposta a construir uma legislação para permitir a operação do serviço. “Estamos muito otimistas de que vamos relançar o produto”, diz a executiva, que está no comando da vertical desde 2022.
O CEO do Uber, no entanto, parece reconhecer que se trata de uma modalidade mais arriscada de transporte. Numa participação em evento do BTG Pactual em fevereiro, Dara Khosrowshahi disse: “na próxima vez em que eu estiver no Brasil, vou andar sobre duas rodas. Minha equipe vai entrar em pânico, mas vou tentar”, disse ele, em seguida desaconselhado pelo CEO do BTG, Roberto Sallouti.
Fonte: https://pipelinevalor.globo.com/google/amp/negocios/noticia/sem-sao-paulo-uber-moto-no-pais-ja-e-top-10-de-viagens-do-app-no-mundo.ghtml