Na luta pela valorização dos motoristas de aplicativo, Elki Silva, presidente da Associação dos Motoristas por Aplicativo do Pará (AMAPP), falou com exclusividade sobre sua trajetória, os desafios enfrentados pela categoria e a polêmica em torno das propostas de regulamentação: PLP 12/2024 e PL 536/2024.
🚗 Da esperança à decepção: a realidade nas ruas
“Sou motorista desde 2017. Comecei pela 99, depois Uber e Drive. No início era satisfatório, dava para manter o carro e conciliar com outra atividade. Hoje, vivo apenas do app, e os ganhos deixam a desejar.”
Elki relata o que muitos motoristas sentem na pele: a defasagem entre os custos crescentes e os valores pagos pelas plataformas. “A gasolina sobe, o alimento sobe, mas as corridas continuam no mesmo valor”, lamenta.
📜 PLP 12/2024 x PL 536/2024: O que realmente está em jogo?
Atuante nacionalmente, Elki se posiciona com firmeza:
“A PLP 12 não representa o motorista. Estudamos a fundo e a categoria está contra. Já a PL 536 é a verdadeira alternativa. Ela respeita o motorista, permite autonomia e cria uma base justa de trabalho.”
Segundo Elki, a proposta defendida por muitos sindicatos é, na verdade, prejudicial à categoria. “É uma covardia. A PL 12 derruba a categoria. Já a 536 fortalece, traz dignidade e organização.”
🛠️ O que Elki defende como regulamentação ideal?
Para ela, a resposta é simples e prática:
“Regulamentar é dar autonomia de verdade. Criar um MEI específico, com uma precificação justa — como R$10 a mínima e R$2 a R$3 por KM. O MEI já atende a demanda. Não precisamos complicar.”
⚠️ Impactos diretos: entre a valorização e o luto
A aprovação de uma ou outra lei pode mudar tudo:
“Se a PL 12 for aprovada, será um dia de luto. Podemos até encerrar nossas atividades. Agora, se a 536 passar, é dia de festa. Voltamos a trabalhar com dignidade.”
Segundo Elki, a aprovação da PL 12 pode levar ao recuo das grandes plataformas, desemprego em massa e desvalorização da categoria. Já a 536 “reconhece o motorista como dono do seu próprio negócio”.
🎯 Benefícios reais ou maquiagem no papel?
Elki é direto: a PLP 12 não entrega nada que o motorista já não tenha por direito.
“Essa proposta vende uma ilusão. Diz que traz segurança e benefício, mas o que oferece o motorista já teria mesmo, por lei. A diferença é que tira nossa autonomia e ainda compromete os ganhos.”
Em contrapartida, a PL 536/2024 é vista como um divisor de águas:
✅ Reconhece o motorista como profissional independente
✅ Garante autonomia e possibilidade de negociar seus ganhos
✅ Abre espaço para apoio do governo em áreas como financiamento de veículos
✅ Cria um ambiente mais justo e sustentável para quem vive das plataformas
“Com a PL 536, voltamos a ter orgulho do que fazemos. O motorista pode voltar a oferecer água, cuidar do carro, trabalhar com tranquilidade e dignidade. É isso que está em jogo.”
🔒 Texto precisa ser firme, não flexível
Elki é direto ao falar da rigidez necessária:
“Tem que ser firme. Chega de contas fakes. Com regulamentação dura, criamos um sistema sério e acabamos com irregularidades.”
Ele reforça que só com um texto rígido o motorista poderá dizer com orgulho: “sou um profissional regulamentado”.
💡 O que ainda falta?
“A PL 536 precisa incluir a correção anual dos valores conforme inflação. E também pontuar o motorista como profissional, permitindo acesso a financiamento, desconto em veículos, entre outros.”
Para Elki, a regulamentação precisa ser clara, justa e com visão de futuro.
✊ Conclusão
Elki Silva representa a voz de milhares de motoristas que não querem esmola — querem respeito, autonomia e reconhecimento. A escolha entre PLP 12 e PL 536 vai muito além de um número: é o futuro de uma categoria inteira.
“Nós conduzimos o Brasil todos os dias. Queremos apenas conduzir com dignidade.”